Confira abaixo a participação das/os/es pesquisadores do NEIM/UFBA no Seminário Internacional Fazendo Gênero 12, realizado virtualmente entre 19 e 30 de julho de 2021 pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Apresentações de trabalhos
ST 026: Ciência, tecnologia e feminismos: empoderamento e agência de meninas e mulheres
ST 026 sessão 1 – 19/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 026
Relações de gênero e campo científico: quem detém autoridade científica no Brasil?
Iolanda Faria (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Ângela Freire (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Marcia dos Santos Macedo (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
A divisão sexual do trabalho tem perpetuado fortes desigualdades de gênero nas mais diversas áreas e carreiras, não sendo diferente na academia. Entretanto, em razão de especificidades do campo científico, a relação entre homens e mulheres nesse espaço tem se dado a partir de dinâmicas particulares que envolvem capitais econômicos, sociais, culturais e, sobretudo, simbólicos, sendo bastante relevantes fatores como a interação entre os pares e o reconhecimento intersubjetivo para a progressão na carreira. À luz dessas referências, analisaremos um conjunto de dados quantitativos acerca de bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq vinculados à UFBA, confrontando-os com dados nacionais, ambos produzidos a partir da base de dados da própria agência financiadora. Os dados analisados apontaram para uma flagrante desigualdade de gênero que ainda mantém as mulheres, no período estudado, com cerca de apenas um terço do total de bolsas disponibilizadas, cenário que se agrava quando consideradas cada uma das categorias de bolsas isoladamente.
ST 055: Estudos de gênero, feminismos e mulheres rurais
ST 055 sessão 1 – 19/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 055
Margaridas em marcha: experiências de um feminismo rural no Brasil
Dayane Nascimento Sobreira (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Lina Maria Brandão de Aras (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Desde 2000 a Marcha das Margaridas, ação estratégica de mulheres do campo, das águas e das florestas, congrega experiências de luta contra o sexismo, as desigualdades no campo e a violência, afirmando a busca por autonomia, soberania e justiça social. Inspirada em Margarida Maria Alves, sindicalista assassinada em 1983 na Paraíba, as margaridas, como se intitulam, (re)configuram suas trajetórias individuais e coletivas, incidindo na construção de políticas públicas sob a bandeira de construção de um mundo mais justo e mais humano, que reúne no Brasil profícuas experiências de um feminismo rural, articuladas às dimensões do gênero e da classe. A partir de um exercício etnográfico feminista na 6ª edição da Marcha, conversamos com mulheres no percurso da viagem e durante sua realização, em Brasília. Nesse sentido, intencionamos analisar o protagonismo de mulheres camponesas, trazendo à tona a construção de um feminismo que parte do campo no Brasil a partir das experiências das margaridas, em suas muitas feições, sotaques e origens.
ST 095: Gênero, sexualidade e saúde: debates necessários à garantia dos direitos humanos
ST 095 sessão 1 – 19/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 095
Saúde reprodutiva das mulheres e aborto em uma década do Curso Técnico em Enfermagem do IFBA/ Campus Barreiras
Paula Vielmo (IFBA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia), Silvia Lúcia Ferreira (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Ângela Freire (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
A saúde reprodutiva das mulheres é conteúdo dos Cursos Técnicos em Enfermagem, presente em componentes curriculares e atividades relacionadas à saúde das mulheres. Este trabalho compõe a pesquisa de mestrado em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (UFBA) e objetiva analisar concepções e conteúdos dos Projetos Pedagógicos do Curso (PPC) Técnico em Enfermagem do IFBA/ Campus Barreiras, sob uma perspectiva feminista, enfocando saúde reprodutiva das mulheres, sobretudo o aborto. A pesquisa é qualitativa, toma documentos como fonte de dados a partir dos PPCs do Técnico em Enfermagem, de 2006 e 2015, articulando os campos do currículo, enfermagem e estudos feministas, sob análise do discurso de linha francesa. Os resultados preliminares apontam que, em uma década, dois PPCs guiaram os processos formativos em Enfermagem. O curso é na forma subsequente e modular (quatro módulos), com duração de dois anos; e os conteúdos de saúde reprodutiva estão concentrados no III módulo, nos componentes curriculares de “Assistência à Mulher” e “Enfermagem em Saúde da Mulher”. As análises em curso sugerem que ambos os PPCs analisados veiculam concepções de currículo modular e tecnicista e perspectivas biologizantes para descrever/analisar situações complexas; o PPC de 2006 inclui o aborto como conteúdo e o de 2015 não o faz, ou seja, um grave problema de saúde pública que atinge a vida das mulheres aparece no currículo dos cursos analisados de modo insuficiente.
ST 143: Notícias do front: pesquisas e relatos sobre os efeitos das políticas anti-gênero e as múltiplas formas de resistência na Educação Básica do Brasil e da América Latina
ST 143 sessão 1 – 19/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 143
“Ideologia de Gênero”: Ataques aos Estudos de Gênero pelo Movimento Escola “Sem” Partido
Ramayana e Silva Costa (UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Iole Macedo Vanin (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
A partir de 1990 é possível identificar um aumento significativo na produção dos estudos de gênero, no Brasil e no mundo. À medida que questionam as opressões legitimadas historicamente pela ciência ocidental enquanto verdades absolutas e/ou única forma possível de sociabilidade, os estudos de gênero tem se apresentado como uma ameaça à manutenção da ordem e do privilégio dominante, o que tem feito com que tais estudos venham sofrendo inúmeros ataques. Este trabalho tem por objetivo compreender, a partir da difusão da “ideologia de gênero”, o ataque aos estudos de gênero pelo Movimento Escola “sem” Partido. Para a realização da pesquisa, pretende-se mapear a difusão do termo “ideologia de gênero”, utilizado, inicialmente, pela ala ultra-conservadora da Igreja católica a partir, especialmente, das Conferências Mundiais de 1994 e 1995 e reproduzido por outros setores religiosos e políticos (ultra-conservadores) no mundo; analisar o fortalecimento do Movimento Escola “sem” Partido no cenário brasileiro, fenômeno identificado com a incorporação do discurso de combate à “ideologia de gênero”, a partir das discussões do Plano Nacional de Educação; e identificar de que forma, a partir da difusão da “ideologia de gênero”, o Movimento Escola “sem” Partido vem atacando os estudos de gênero. Trata-se de pesquisa de cunho qualitativo, cuja realização se dará a partir de revisão bibliográfica e realização e analise de entrevistas semi-estruturadas.
ST 077: Gênero e culturas populares: territórios e representações de si
ST 077 sessão 1 – 20/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 077
De Maria Doze Homens a Madame Satã: debatendo raça, gênero e sexualidades na capoeira
Rosângela Janja Costa Araujo (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
“Viado na capoeira, eu só respeito Madame Satã, porque era negão e valentão!”. A presente proposta busca contribuir com os debates sobre as relações entre raça, gênero e sexualidades no interior da capoeira. Para tanto, estamos refletido a construção das narrativas sobre dois importantes personagens que transitam no imaginário das e dos capoeiristas como figuras emblemáticas, seja pelo que provocam de reflexões históricas sobre as corporalidades negras, seja pelo que mobiliza no contextos dos novos movimentos sociais que se organizam no interior da capoeiragem e, para além das disputas entre os seus estilos – Angola, Regional, Contemporânea. Aqui, situamos as disputas em torno das narrativas de gênero e sexualidade construídas sobre Maria Doze Homens e Madame Satã como debates que interseccionam raça e racismo, e que na atualidade são tomadas como necessárias à atualização dos conhecimentos sobre a capoeira, seja no campo da produção acadêmica, e com especial atenção às que versam teoricamente sobre o feminismo angoleiro, seja no contexto da produção antirracista e decolonial ou ainda nas mesas de debates da capoeiragem, através dos eventos e conferências, no Brasil e em várias países, numa dimensão transnacional. A frase em epígrafe, apresenta o arroto de um mestre de capoeira, negro, e que consideramos emblemática para situar a mítica performática destes personagens históricos, refletindo ainda os deslocamentos destes corpos negros entre a ordem e a desordem.
Gêneros, Sexualidades e Afro-religiosidades: o que nos diz a tradição do Candomblé?
Claudenilson da Silva Dias (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Leandro Colling (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Este texto é um excerto da tese em curso no PPGNEIM, que trata das dissidências sexuais e de gênero no espaço sagrado do Candomblé em interface com os projetos coloniais impostos às religiões de matriz africana. O texto demonstra que o segredo, age como uma ferramenta de manutenção das hegemonias nagocentradas e ordenam a lógica de superioridade dos Candomblés nagô (puros a partir das concepções atribuídas por estudiosos da década de 30 e 40 (Nina Rodrigues (2005 [1935); Ruth Landes (2002 [1947]); Edison Carneiro (1948), dentre outros em detrimento dos Candomblés de Caboclo (reconhecidos como orientados por uma prática litúrgica que desonra os ensinamentos das casas matriciais do Candomblé em Salvador/Ba. Desse modo, proponho nesse ensaio um caminho para entender quais são os aspectos coloniais que moldam essa mentalidade construída em torno de uma ideia de pureza que destoa do pensamento comunitário africano, que deveria orientar as relações nas comunidades tradicionais de terreiros já que elas pertencem a essa matriz social.
ST 013: Aportes Interseccionais no Serviço Social e expressões da violência: gênero, classe, raça/etnia
ST 013 sessão 1 – 21/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 013
Trans/versando sobre Gênero com docentes dos cursos de Serviço Social de Salvador/BA
Márcia Tavares (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Neste artigo socializo alguns resultados de uma pesquisa de Pós-Doutorado, intitulada “A Transversalidade de Gênero nos cursos de Serviço Social de Salvador/BA: tendências e perspectivas”, de modo a suscitar reflexões sobre a importância do gênero como elemento estruturante das relações em sociedade e categoria analítica que nos possibilita uma leitura mais aprofundada da realidade social. Aqui, busco compreender se e como a discussão de gênero é contemplada nos componentes curriculares e analisar as percepções de docentes que ministram disciplinas voltadas para a temática de gênero sobre a importância que lhes é atribuída na estrutura curricular do curso. Para tanto, apliquei entrevistas semiestruturadas com seis professoras que atuam em faculdades de Serviço Social da rede privada. Os resultados demonstram que o debate de gênero nesses cursos permanece restrito a poucos componentes curriculares, geralmente optativos e, mesmo naqueles em que há uma disciplina obrigatória, esta aborda várias temáticas, o que compromete o aprofundamento das discussões em torno dos estudos de gênero e sua interface com o Serviço Social. Seus depoimentos revelam ausência de transversalidade e desinteresse dos demais docentes, fazendo com que o debate sobre gênero permaneça tímido e incipiente, a despeito da demanda de alunas/os.
ST 041: Dissidência sexual, racialização e crítica decolonial
ST 041 sessão 1 – 21/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 041
Pode a subalterna cigana falar? Movimento de mulheres romani e uma nova perspectiva feminista no século XXI
Bárbara Jardim (CAPES), Lina Maria Brandão de Aras (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
O artigo pretende discutir o surgimento do Romani feminism (feminismo romani ou cigano) como nova vertente teórica feminista que surge no final do século XX e início do XXI na Europa, impulsionada por ativistas e acadêmicas feministas de etnia cigana. Em diálogo com as teorias e práticas do feminismo negro, pós-colonial, decolonial e estudos subalternos, problematizando a complexidade das múltiplas formas de discriminação a que historicamente esta etnia foi submetida e persiste na atualidade. Para tanto, evocaremos a obra de teóricas feministas ciganas como Ethel Brooks, Alexandra Oprea, entre outras, que nos permitirá lançar provocações acerca do lugar das mulheres ciganas nas teorias feministas e pós-coloniais, tendo em vista sua territorialidade flutuante ao longo dos processos históricos, não podendo falarmos propriamente de uma etnia que passou pelo processo de colonização, no sentido latu sensu, mas que, em alguma medida está imersa no contexto do imperialismo e, hoje, nos processos de globalização mundial. Por fim, discutiremos a subalternidade da voz dessas mulheres tanto nos discursos dos ativismos de seu grupo étnico, quanto nos discursos do feminismo hegemônico, tendo como embasamento as propostas da teórica feminista indiana Gayatri Spivak em “Pode a Subalterna falar?” para a construção de narrativas sólidas dessas mulheres, de modo que, nos termos de Spivak, mulheres subalternas tenham elas espaços não só para falar, mas também para serem amplamente ouvidas.
ST 077 sessão 2 – 21/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 077
Mulheres negras: cotidianos e sociabilidades na Feira de São Joaquim
Márcia Regina da Silva Paim (Secretaria da Educação do Estado da Bahia), Rosângela Janja Costa Araujo (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Esta comunicação tem por objetivo evidenciar aspectos da cotidianidade e as teias de sociabilidades que envolvem mulheres, majoritariamente negras, nas territorialidades da Feira de São Joaquim. Ressaltamos que, estas análises, parciais, compõem a pesquisa em andamento, intitulada Saberes Femininos sobre as Folhas Sagradas na Cidade de Salvador, que objetiva analisar como estas mulheres apreendem e difundem os conhecimentos sobre as folhas sagradas, bem como os processos de permanência e descontinuidades destes aprendizados. É uma investigação de caráter interdisciplinar que privilegia as experiências, vivências e saberes de mulheres negras. Para esta discussão, elegemos como aporte teórico os pressupostos dos feminismos negros e decolonial que, entremeados às entrevistas e outros aportes dos estudos culturais (como notícias veiculadas em antigos jornais da cidade de Salvador), corroboram para composição do estudo sobre o cotidiano destas mulheres. Analisamos ainda os lugares ocupados e os papéis desempenhados pelas mulheres nas práticas coletivas de religiosidades através da realização da procissão de Santa Bárbara (outrora realizada por feirantes), carurus, festas consagradas a caboclos, dentre outras manifestações de fé e também o Samba da Feira, evento que ocorre aos domingos.
ST 083: Gênero e política: participação e representação
ST 083 sessão 1 – 21/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 083
Burocracia representativa e políticas públicas inclusivas
Iara Cristina da Silva Alves (Ministério da Economia), Maíra Kubík Mano (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
O corpo da burocracia no governo federal do Brasil, responsável pela formulação e coordenação de políticas públicas, é marcado por desigualdades de gênero e raça, em especial na ocupação de cargos com poder de decisão, que terminam por encobrir perspectivas de gênero e raça na gestão pública. Essa pesquisa pretende verificar se e como a posição representativa, passiva ou ativa, de gestores públicos contribuem para políticas voltadas para toda a diversidade da sociedade. Propomos realizar uma revisão bibliográfica da discussão teórica de burocracia representativa em combinação com os conceitos de inclusão e democracia, justiça e política da diferença, de Iris Young, e de política de presença, de Anne Phillips. Partimos da compreensão de que igualdade de gênero e raça nas organizações públicas é essencial para consolidar a democracia. Destacaremos a discussão recente proposta por Sandra Groeneveld, Steven Van de Walle e Kenneth Meier, sobre a importância de a burocracia se reconciliar com os ideais de justiça social e democracia, distinguindo entre representação burocrática passiva e ativa. Fortalecer a presença de mulheres e de pessoas negras nos espaços decisórios é parte de um processo de unir ideias e representatividade na esperança de um sistema justo de representação que possa promover políticas públicas robustas e inclusivas, tendo o reconhecimento da diferença como um primeiro estágio para se alcançar a igualdade.
ST 106: Interseccionalidade, feminismo negro e lugares de fala: as múltiplas narrativas possíveis
ST 106 sessão 1 – 22/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 106
Os atravessamentos de gênero e raça na produção poética das adolescentes em privação de liberdade, em Salvador-BA
Lara Carina Amorim Barbosa (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Rosângela Janja Costa Araujo (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Este trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado em andamento sobre adolescentes negras em cumprimento de medida socioeducativa de internação na CASE Feminina, em Salvador-BA e tem como objetivo refletir como se dá os atravessamentos dos marcadores de gênero e raça em suas vivências. Para isso, trabalho com as produções poéticas de autoria das internas, resultantes do projeto “Lugar de Fala”, desenvolvido pela Defensoria Pública do Estado na unidade de internação a partir de 2019, partindo da ideia de que essas poesias se constituem enquanto uma ferramenta de resistência ao ambiente de privação de liberdade. Sustentando-se nos aportes teóricos e práticos do pensamento feminista negro e interseccional, em que mulheres negras ressignificam suas narrativas e contam suas próprias histórias, inicialmente, identifico, nos seus escritos, a presença das categorias de gênero e raça, utilizando uma análise interseccional a fim de compreender as trajetórias das adolescentes no interior da unidade e fora dela, visto que o racismo e o sexismo, opressões resultantes dos marcadores, configuram-se como fatores determinantes para as suas vidas. Por fim, reforço a necessidade de mais produções políticas que, assim como as das adolescentes negras da CASE Feminina, subvertem as normas impostas ao desenvolver novos conhecimentos e descolonizar os saberes, socialmente, introduzidos no processo educativo, possibilitando que histórias, antes invisíveis, possam ser reverberadas e conhecidas.
ST 133: Mulheres e Desigualdades: Diálogos com Epistemologias do Sul e Decoloniais
ST 133 sessão 1 – 22/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 133
Colonialidade: relações entre patriarcado e mulheres brancas no Brasil
Priscylla Kethellen Viana (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Maíra Kubík Mano (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Em quase todos os espaços de status, cidadania e poder da sociedade brasileira contemporânea, podemos observar que mulheres brancas estão mais próximas dos homens, brancos ou negros, do que das mulheres negras e indígenas. Essa realidade confronta o preceito central do pensamento feminista moderno de que “todas as mulheres são oprimidas”. E uma das características observadas historicamente entre feministas brancas foi a universalização da categoria “mulher”, que auxiliou na manutenção e fortalecimento da supremacia branca, do patriarcado e do capitalismo. A posicionalidade de raça/classe acaba limitando as percepções das realidades das mulheres brancas. Mesmo quando percebem as desigualdades, a defesa de direitos e pautas relacionadas ao gênero ficam restritas até o ponto em que não afetem seus privilégios. Através dos conceitos de má-fe e compactuação, Simone de Beauvoir e Gerda Lerne abrem os caminhos para destrincharmos as relações de alienação e cumplicidade das mulheres com o patriarcado e, neste trabalho, pretendo expor a cumplicidade das mulheres brancas com esse sistema. Nesse contexto, a colonialidade de gênero nos permite reconhecer as intersecções que atravessam os processos de dominação, apontando para a necessidade de desenvolvermos meios para a descolonização.
Sessão de Pôster 21
Sessão de Pôster 21 – 23/07 das 09:30 às 11:30
Local: Sala pôster Online 21
Gênero em disputa: mapeamento e análise do legislativo
Stephanie Ferreira dos Santos Nascimento (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Francileide Araujo (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Maíra Kubík Mano (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
O plano Nacional de educação (PNE), que define a política educacional no Brasil até 2024, não contemplou gênero/sexualidade em suas metas e diretrizes, dando margem a não inclusão dos mesmos, em planos Estaduais de educação (PEEs). Dessa maneira, essa pesquisa objetiva analisar os PEEs, a sua construção em diversos Estados brasileiros, a partir da inclusão/exclusão de gênero/sexualidade. Em um primeiro momento observamos a situação dos PEEs nas assembléias legislativas a partir das possíveis menções a gênero nos planos. Posteriormente analisamos, a partir de matérias em jornais e portais de notícias, a construção dos PEEs e a discussão de gênero dentros dos partidos e nos meios de comunicação escrita. A terceira parte da pesquisa consistiu em uma investigação da existência ou não de uma discussão de gênero nos partidos políticos, a partir de pesquisa documental, que abrange a exploração do regimento interno; resultados de possíveis congressos partidários ligados a temática; atas e outros documentos que possam fornecer margem para a análise do posicionamento partidário a respeito da discussão de gênero na educação. Assim como a discussão da temática com a sociedade civil. Desta maneira dissertamos a respeito da inclusão/exclusão de gênero nos PEEs e as estratégias dos partidos e da sociedade civil durante a elaboração dos planos, e como a sociedade civil e instituições pró-gênero continuam discutindo gênero dentro dos espaços educacionais mesmo após a negativa dos PEEs.
ST 004: A questão de gênero nas culturas populares e tradicionais
ST 004 sessão 1 – 23/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 004
Lutas e Resistências: saberes populares das mulheres negras assentadas do território do sisal-Bahia
Losângela da Cunha Araújo (UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana), Rosângela Janja Costa Araujo (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
O Território do Sisal é referência em organização social para outras regiões do semiárido baiano, através da participação política dos diversos sujeitos e fortalecimento das manifestações culturais em comunidades tradicionais. Seu contexto é marcado pela desigualdade social e ausência de políticas públicas até meados de 2002. O acesso à educação durante muitos anos foi restrito a uma minoria elitizada e aos homens brancos. Muitos indivíduos, inclusive as mulheres negras, fortaleceram suas manifestações culturais na luta pela autonomia. Não podendo reduzir os saberes populares a uma concepção do “não formal,” torna-se importante destacar que esses sistemas de conhecimento valorizam espaços sociais diversificados de aprendizados, vivências comunitárias e regionais que, aqui também produz incentivo para a população feminina resistir às diversas formas de opressões e exclusões enfrentadas pela sua condição de gênero, raça e classe. Os saberes populares e as manifestações culturais são utilizados por estas mulheres para reivindicar seus direitos. Assim, este artigo tem como objetivo analisar as lutas e resistências presentes nas manifestações cultutais das mulheres negras assentadas do Território do Sisal, almejando compreender como esses processos contribuiem para o enfrentamento da invisibilidade e descriminações sofridas por estes sujeitos nestes contextos sociais.
ST 070 sessão 2 – 23/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 070
O Golpe nas Políticas de Enfrentamento da Violência Contra Mulheres no Brasil
Cecilia Sardenberg (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
As políticas para mulheres, com destaque para o Programa “Mulher, Viver Sem Violência,” um dos programas mais abrangentes no tocante ao enfrentamento da violência de gênero contra mulheres, se destacaram como um dos principais avanços trazidos pelos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) e, consequentemente, se tornaram um dos principais objetos da desconstrução encetada pelo governo de Michel Temer, levado ao poder com o Golpe de 2016. Em contraste ao feminismo de Estado participativo propagado pelos Governos Lula da Silva e Dilma Rousseff Michel Temer instalou um governo ultraliberal fincado no patriarcalismo, caracterizado pela ausência de representação feminina nos altos escalões e sem compromisso com as lutas e demandas das mulheres. Meu objetivo neste trabalho será discutir tanto os avanços registrados durante os Governos Lula e Dilma no tocante ao enfrentamento da violência contra mulheres, quanto o desmonte dessas políticas a partir do afastamento e impeachment da Presidenta Dilma, implantação do governo Michel Temer e chegada ao poder de um governo abertamente fascista com as eleições de 2018.
Desmonte Das Políticas Públicas: uma discussão a partir do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher no Estado da Bahia
Jayce Layana Lopes Callou (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Márcia Tavares (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
O Pacto Nacional de Enfrentamento consistia em um compromisso do governo federal, em parceria com os órgãos estaduais e municipais, possuindo como prerrogativa uma série de ações programadas para serem realizadas entre os anos de 2008 e 2011, e posteriormente na repactuação nos anos de 2012 a 2015. O estado da Bahia aderiu ao pacto no ano de 2008, no entanto o que se observa atualmente é o desmonte das políticas públicas direcionadas às mulheres, desarticulando muitas políticas públicas que até então estavam organizadas. O desmonte ocorre por consequência da situação política do país, a nível federal, mas que reverbera fortemente no estado e municípios da Bahia de maneira profunda. A importância do presente trabalho está justamente no registro do tom de denúncia que ele possui: políticas públicas sendo desenvolvidas por profissionais não sensibilizados para as temáticas de gênero e feminismos; e profissionais altamente capacitados e ativos, mas afastados da esfera estatal, dado os entraves políticos. Somos uma geração que já viveu os anos fervorosos de articulações dos movimentos feministas, das grandes conquistas dos direitos das mulheres e das políticas de enfrentamento à violência; e ao viver o desmonte de muitas dessas ações, mostra o quão complexo é o enfrentamento à violência, e o quanto o Brasil ainda trilha no caminho da cultura da violência e resiste em ressignificar práticas e discursos tradicionais.
ST 075: Feminismos, mídia e subjetividade: circulação de sentidos e práticas sociais
ST 075 sessão 3 – 23/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 075
Um ponto fora da curva – o caso How to Get Away with Murder
Paulo Goetze (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Lina Maria Brandão de Aras (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
O seriado How To Get Away With Murder (2014 – ) traz a atriz Viola Davis – mulher, negra, ativista – como a professora de direito e advogada de defesa Annalise Keating. Obviamente que o sucesso de Keating não acontece sem entraves, inclusive em sua vida pessoal (“de mulher”). A série tem Shonda Rhimes – mulher negra – como principal produtora executiva. É necessário pontuar o standpoint dessas mulheres a fim de compreender o contexto e as barreiras que conseguiram quebrar.
Pretendo analisar a desconstrução do imaginário do que é “esperado” para uma mulher negra no contexto norteamericano. Para tanto, utilizarei os conceitos de gênero, cunhado por Joan Scott (1990), e raça, proposto por Kabengelê Munanga (2003), como categorias de análise fundamentais. Também utilizarei o conceito de interseccionalidade, sugerido por Kimberlé Crenshaw (2018), como uma sensibilidade analítica que articula os conceitos de gênero e raça para entender a realidade analisada como um fenômeno social transversal. O conceito de imaginário que mais se aproxima dessa proposta de trabalho é o de Michel Maffesoli (2001), que fala de um imaginário que se aproxima da realidade e que tem na criação de material audiovisual uma maneira de captar o imaginário social, e acrescento, talvez potencializá-lo. A ideia sobre a mulher negra a que me referi, por exemplo, nesse contexto, só é possível pelo modo como os Estados Unidos foram formados tendo o machismo e o racismo como estruturas.
ST 122: Maternidade, maternagem e mídia: criando um novo lugar de fala nos debates contemporâneos sobre gênero e feminismo
ST 122 sessão 3 – 23/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 122
Mulheres jovens e maternidade solo em séries televisivas: olhares em deslocamento?
Marcia dos Santos Macedo (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Nosso objetivo é apresentar uma reflexão crítica sobre as narrativas plurais elaboradas por produções culturais como as séries televisivas em torno da experiência de chefia familiar vivenciada por mulheres jovens em contexto de maternidade a solo. Para atingir tal propósito, o presente trabalho se encontra estruturado em três eixos fundamentais: 1) refletir sobre a importância de tomar as séries televisivas enquanto produto cultural e uma importante via para compreensão dos complexos processos de elaboração e reprodução de velhas e novas representações sociais nas sociedades do presente; 2) tomar um recorte de um tipo de arranjo familiar em expansão na sociedade brasileira – famílias chefiadas por mulheres – a partir de uma perspectiva interseccional, privilegiando o entrelace aos pertencimentos de gênero, classe e geração – sendo esta última categoria tomada como chave de leitura para compreensão de uma convergência sincrônica de processos de hierarquização social; 3) analisar, a partir do recorte proposto, de que forma os olhares de recentes produções culturais – que abordam a chefia feminina monoparental entre mulheres jovens – nos permitem compreender continuidades e rupturas nas narrativas produzidas acerca das relações de gênero, classe e geração no contexto familiar e, particularmente, em torno deste objeto multifacetado e de crescente interesse no campo das pesquisas feministas.
ST 140: Música, Gênero, Raça, Etnicidade e Sexualidade: Escutas Interseccionais
ST 140 sessão 1 – 23/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 140
Encontro Sagrado consigo mesmx: voz, corpo e experimentações sonoras desde outro lugar em Abya Yala
Laila Rosa (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Encontro Sagrado consigo mesmx: voz, corpo e experimentações sonoras desde outro lugar em Abya Yala nasce enquanto inquietação de encontro com mulheres e comunidade LGBT+ de Abya Yala. Em formato de vivência/oficina, o mesmo foi idealizado para mulheres e comunidade LGBT+, tendo sido realizado em 10 diferentes momentos, sendo nove deles em diferentes cidades mexicanas e um outro em Urubamba, no Vale Sagrado peruano.
Em todos os encontros trabalhamos estes três pilares que são a voz, o corpo e as experimentações sonoras “desde outro lugar”, um lugar de canto de alma e de co-criação sonora como potência sagrada e política conectada com as Deusas em nós. Desde outro lugar é também o título do meu novo cd autoral que vem nascendo de jornada em residência artística nos EUA e México entre 2018 e 2019. O mesmo vem sendo gestado a partir de projeto de pós-doutorado sobre as vozes curandeiras das cantautoras, xamãs e sacerdotisas de Abya Yala, termo utilizado pelos povos originários para designar a América Latina antes da Conquista, mulheres que empregam suas vozes e instrumentos para sanar questões dos corpos físicos, emocionais, afetivos e espirituais.
Neste trabalho compartilho um pouco sobre estas vivências, seus processos criativos e caminhos metodológicos e, sobretudo, a potência criativa, sagrada e amorosa do que se firmou como um grande encontro feminista e LGBT+ de Abya Yala, um verdadeiro espaço de partilhas de alma desde o sonoro em corpos integrados, conscientes e sãos.
“Professor por que eles sempre falam no masculino?”: o protagonismo de meninas negras na produção de um documentário musical escolar
Antonio Sérgio Brito de Amorim (SMED – Secretaria Municipal de Educação), Ariana Mara da Silva (CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), Laila Rosa (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
“Professor por que eles sempre falam no masculino? E aí rapaziada, rapazes, amigos etc., parece que nenhuma menina vai ver o vídeo, só homens”. Esse questionamento inspirou o tema desse artigo, onde pretendemos debater a participação de meninas negras na produção das trilhas musicais de um documentário realizado em uma escola da rede municipal da cidade de Salvador-BA, em meados de 2018. Inspirados no livro “O que há de África em Nós” de Wlamyra Albuquerque para elaboração de roteiros, as meninas questionaram as falas dos colegas sempre no masculino durante esse processo, tornando necessário orientar debates sobre papeis e equidade de gênero em sala de aula. Como aporte teórico utilizamos as contribuições de Laila Rosa (2010) sobre músicas e feminismos, Kimberlé Crenshaw (1991) e Carla Akotirene (2018) para dialogar sobre interseccionalidade e, Martha de Ulhôa (1995) com contribuições sobre linguagens sonoras. Também foram analisados os roteiros e vídeos produzidos pela turma do 4º ano, dando ênfase às produções das meninas negras, sendo que a presença delas foi fundamental para a elaboração de um trabalho diverso e equânime para a turma e a escola.
ST 039: Discursos científicos sobre gênero e sexualidades – aspectos históricos, reprodução e atualizações
ST 039 sessão 1 – 26/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 039
Falas de biólogas (os) sobre sexualidade, gênero e “inovações gendradas”: uma análise preliminar
Ângela Freire (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Izaura Santiago da Cruz (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Esta comunicação traz reflexões preliminares a partir dos dados de um estudo que busca registrar e analisar discursos de biólogas e biólogos docentes de um curso de Ciências Biológicas sobre sexualidade, gênero e inovações gendradas (SCHIEBINGER, 2014), este último conceito entendido como estratégias a ser utilizadas para superar problemas agnotológicos na produção do conhecimento na área, cujas consequências individuais e sociais são significativas. Os conceitos de gênero como categoria de análise e de produção de conhecimento, de sexualidade como condição fundante da subjetividade humana, para além do sexo biológico e o modus operandi da prática científica e seus objetivos são colocados em discussão e analisadas à luz dos Estudos Feministas da Ciência e da Tecnologia. A contextualização das falas de docentes entrevistadas(os) inclui a análise da matriz curricular do curso estudado a partir das ementas e conteúdos programáticos dos componentes curriculares das habilitações licenciatura e bacharelado.
A professora eficiente: uma análise interseccional da trajetória de uma docente de matemática
Márcia Barbosa (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Este artigo apresenta reflexões preliminares sobre obstáculos encontrados na carreira e estratégias utilizadas por uma acadêmica negra. Seu relato denuncia a existência de discursos normativos que, em geral, a direcionam ao mundo privado e também sua luta para manter-se produtiva e respeitada no seu ambiente de trabalho. O discurso dessa mulher revela que, além de enfrentar as matrizes estereotipadas do gênero, raça/cor e classe, ela consegue romper mais um obstáculo de peso imposto pelas representações sociais – ingressou em uma área profissional que carrega o estigma de que ‘as meninas não gostam de matemática’. A Análise do Discurso é utilizada para desvelar práticas discursivas que atravessam o cotidiano da pesquisadora e suas formas de resistência. Destaca-se também no texto a importância da exemplaridade desta mulher para que as novas gerações sintam-se representadas e tenham em mente que tudo é possível de ser alcançado, independente das estereotipias que associam capacidade cognitiva ao sexo, raça e classe de modo frequentemente desfavorável para as mulheres.
ST 079: Gênero e educação: experiências e análises de políticas públicas setoriais voltadas às diversidades
ST 079 sessão 1 – 26/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 079
ALÉM DA NORMA: os desafios da mudança de nome de estudantes em cursos de graduação na Bahia (Salvador, 2016-2018)
Tatiana Farias de Jesus (SMED/ UNIJORGE), Maíra Kubík Mano (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
O estudo analisa, por meio de revisão bibliográfica, as políticas públicas de inclusão a partir de experiências vividas por homens e mulheres trans que ingressam em instituições educacionais após publicação do decreto 8.727, do dia 28 de abril de 2016, pela então presidenta do Brasil Dilma Rousseff. Vale ressaltar, a importância deste decreto que dispõe sobre a legitimidade do uso do nome social, e a possibilidade das pessoas trans solicitarem, a qualquer momento o reconhecimento do mesmo. Compreendemos o processo de modificação do nome como um passo importante de reconhecimento da identidade do indivíduo, ao mesmo tempo que se configura como questionamento de um modelo de “cidadania precária” (BENTO, 2014), uma vez que esta não inclui efetivamente grupos que se constituem minorias sociais e continuam vítimas de violência cotidiana dada a hierarquização das diferenças e o processo de estigmatização das questões relacionadas às vivências e violências que as pessoas LGBTQI+ tem enfrentado.
Com isso, propomos uma discussão crítica da legislação vigente- regulamentos/resoluções de universidades públicas e privadas da cidade de Salvador/Bahia e decisões do Supremo Tribunal Federal- sobre assuntos relacionados à comunidade trans em diálogo com as referências bibliográficas das teóricas queer.
ST 027: Contribuições do Feminismo Negro do Sul Global
ST 027 sessão 2 – 27/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 027
Entre Lélias, Luizas, Suelis e Juremas: o feminismo negro e os estudos decoloniais no Brasil
Amanda Alves da Silva (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Rosângela Janja Costa Araujo (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Apesar de condenada à invisibilidade pela ciência europeia e estadunidense, os conhecimentos e produções intelectuais tomadas como Epistemologias do Sul, em especial os estudos decoloniais de Abya Ayla, acabaram por cometer o mesmo erro ao não referenciarem o pensamento de mulheres negras, indígenas, não-brancas, militantes de movimentos sociais e acadêmicas que desde muito já traziam em suas práticas tornadas discurso, a necessidade de “descolonizar” o pensamento e enegrecer os lugares de poder. Neste sentido, em confluência com o pensamento do feminismo decolonial de valorizar o pensamento de escritoras latino-americanas, o presente trabalho toma como desafio dialogar com quatro teóricas negras brasileiras: Lélia Gonzalez, Luiza Bairros, Sueli Carneiro e Jurema Werneck. Consideradas grandes referências para o feminismo negro no Brasil, buscamos reafirmar a importância da recuperação da força da produção destas, e tantas outras mulheres negras, na formação de novas gerações de militantes e intelectuais antirracistas, evidenciada sobretudo nas produções das novas gerações de pesquisadoras negras, e em distintas áreas. Desta forma, propomos um diálogo com o conceito de a amefricanidade em Lélia Gonzalez; epistemicídio, em Sueli Carneiro; ialodês de Jurema Werneck; e as críticas de Luiza Bairros ao feminismo racista, afim de colaborar com as reflexões sobre a importância de seus escritos para os estudos decoloniais no país.
ST 079: Gênero e educação: experiências e análises de políticas públicas setoriais voltadas às diversidades
ST 079 sessão 2 – 27/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 079
O pânico do gênero: As construções das agendas de políticas públicas educacionais no último quinquênio (20014-2019)
Maise Caroline Zucco (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
Desde a década de 1990 o Brasil, no campo educacional, esteve incorporando os debates étnicos raciais, de sexualidades e de gênero, alinhando-se às demandas dos movimentos sociais. A LDB, os PCN’s e todas as formações empreendidas por instâncias pertencentes ao Estado, como as ofertadas pela extinta SECADI, fazem parte de uma trajetória de mais de 20 anos que processualmente foi adotando as ações afirmativas e promovendo a visibilidade de sujeitos sociais que não pertenciam ao currículo. Contudo, de forma mais operativa, grupos organizados no Brasil, como o “Escola Sem Partido”, passaram a influenciar diretamente os debates educacionais a partir da conjuntura de aprovação dos últimos Planos de Educação (2014). No Peru, o movimento “Con mi hijos no te metas” organizou uma grande marcha nacional (2017) e se propagou para países como a Argentina, Bolívia e Paraguai utilizando o discurso de em “defesa da família”. Considerando recuo ocorrido em países do Cone sul sobre a discussão de gênero, o presente trabalho busca debater sobre um dos elementos do ciclo das políticas públicas: a agenda. Como etapa do ciclo que é diretamente influenciada pela correlação de forças políticas, governos, mídia e sociedade civil de forma ampla, a proposta dessa comunicação é apresentar as respostas públicas fornecidas por governos federais dos países acima mencionados diante da pressão social exercida com o intuito de combater que consideram “ideologia de gênero”.
ST 051: Entre espaços de poder e resistências – história das mulheres
ST 051 sessão 3 – 28/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 051
A luta das mulheres negras e a constituição dos quilombos
Layza (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Rosângela Janja Costa Araujo (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
O estudo busca investigar como as mulheres negras estão implicadas nas lutas pela conquista e resistência de territórios quilombolas no Brasil. À luz de teorias raciais e de gênero, que reconhecem racismo e patriarcado como estruturas de opressão coloniais que se interseccionam, busco compreender as interligações desses sistemas no processo de constituição dos quilombos, bem como suas formas de fazer, criar e existir.
Inicialmente, a história das mulheres negras no período da escravização, ou logo após sua abolição formal, será revisitada para demonstrar suas lutas pela libertação das pessoas negras, em destaque aquelas que contribuíram para a construção dos quilombos. Essa análise será realizada à partir de revisão bibliográfica de teóricas do feminismo negro, decolonial, bem como de estudos de raça e quilombos no Brasil.
Posteriormente, um breve estudo de casos será realizado à partir de três territórios quilombolas, quais sejam: o território quilombola Maria Valetina e o quilombo Saracura, ambos localizados no município de Santarém/Pará, e o quilombo de Conceição das Criolas, município de Salgueiro/Pernambuco. Todos esses territórios rurais possuem em seu mito de fundação a conquista da terra por mulheres, dos quais todas as demais pessoas descendem. Esse estudo será realizado à partir da análise do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) desses quilombos, peça fundamental prevista no decreto 4887/2003 para o processo titulação dos territórios.
ST 084: Gênero e religião: protagonismos, memórias e perspectivas de análise
ST 084 sessão 2 – 29/07 das 14:00 às 16:00
Local: ST 084
Olhares feministas sobre as Irmãs da Caridade na cidade do Salvador (1853 – 1913)
Ana Lívia Vieira Rodrigues (Secretaria de Educação do Estado da Bahia), Lina Maria Brandão de Aras (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
O presente artigo estuda as relações de gênero construídas pela Igreja Católica na sociedade imperial e o início da época republicana, através da atuação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, na cidade de Salvador de 1853 a 1913. O papel das religiosas estão atreladas ao trabalho das mesmas na Santa Casa da Misericórdia da Bahia, tanto na área hospitalar quanto na educação. O gênero será usado como categoria de análise, por isso, relacional, a fim de perceber as mudanças históricas no período analisado. Já o patriarcado será usado para descrever o sistema de dominação de um grupo sobre outro. Ao exercerem as ações caritativas nas ruas das cidades, as freiras se tornaram as primeiras irmãs a não viverem na clausura como exigido pela Igreja Católica às mulheres até o século XX, pois para os homens isso sempre foi opcional, daí é analisado textos teóricos feministas sobre os conceitos de público e privado de maneira critica para entendimento das mudanças advindas com o trabalho nas ruas dessas mulheres.
Mulheres e sua inserção na Igreja Católica numa perspectiva feminista
Leandro Neri Brito (Secretaria de Educação do Estado da Bahia), Lina Maria Brandão de Aras (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
A Igreja Católica Apostólica Romana é marcadamente masculina quando se trata do exercício do poder nessa instituição. Porém, a presença e a participação das mulheres na Igreja é uma realidade inegável desde a sua fundação. Apresentar e analisar, numa perspectiva feminista, a presença e a inserção das mulheres na Igreja Católica, principalmente a partir do Concílio Vaticano II, é o objetivo proposto por esse trabalho, sobretudo em relação aos seguintes pontos: as reivindicações das cristãs católicas pela participação nos espaços eclesiais de decisão; a produção e o ensino de teologia pelas mulheres; a atuação feminina nas pastorais, nos movimentos e nas comunidades de base no que tange aos ministérios de coordenação e de assessoria; o debate em prol do acesso das mulheres ao sacerdócio; e as contribuições do movimento feminista na construção de relações eclesiais igualitárias e verdadeiramente evangélicas. Para tanto, a discussão aqui proposta contará com o auxílio de estudos sobre o Movimento de Jesus, o papel e atuação das mulheres no Novo Testamento, as lutas das mulheres católicas contra a opressão e a exclusão eclesiais ao longo da história e as contribuições da Teologia Feminista.
Coordenações de Simpósios Temáticos
ST 013: Aportes Interseccionais no Serviço Social e expressões da violência: gênero, classe, raça/etnia |
Coordenadoras/es: Teresa Kleba Lisboa (UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina), Magali da S. Almeida (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Márcia Tavares (UFBA – Universidade Federal da Bahia) |
ST 039: Discursos científicos sobre gênero e sexualidades – aspectos históricos, reprodução e atualizações |
Coordenadoras/es: Ângela Freire (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Izaura Santiago da Cruz (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Murilena Pinheiro de Almeida (UFAC – Universidade Federal do Acre) |
ST 070: Feminismos e Políticas de Enfrentamento da Violência de Gênero Contra Mulheres na América Latina: Avanços e Retrocessos |
Coordenadoras/es: Cecilia Sardenberg (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Jussara Reis Prá (UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul) |
ST 077: Gênero e culturas populares: territórios e representações de si |
Coordenadoras/es: Rosângela Janja Costa Araujo (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Elizia Cristina Ferreira (UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira), Renata de Lima Silva (UFG – Universidade Federal de Goiás) |
ST 079: Gênero e educação: experiências e análises de políticas públicas setoriais voltadas às diversidades |
Coordenadoras/es: Maise Caroline Zucco (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Joana Vieira Borges (UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina), Maria Cristina Athayde (SOCIESC Florianópolis) |
ST 091: Gênero, Instituições e Representação Política |
Coordenadoras/es: Teresa Sacchet (UFBA – Universidade Federal da Bahia), Maria Lúcia Moritz (UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul) |
ST 129: Mulher e Política: participação e resistência em tempos de crise |
Coordenadoras/es: Celecina de Maria Veras Sales (UFC – Universidade Federal do Ceará), Maria Mary Ferreira (UFMA – Universidade Federal do Maranhão) |
Debatedora: Maíra Kubík Mano (UFBA – Universidade Federal da Bahia)
ST 140: Música, Gênero, Raça, Etnicidade e Sexualidade: Escutas Interseccionais |
Coordenadoras/es: Rafael da Silva Noleto (UFPEL – Universidade Federal de Pelotas), Isabel Porto Nogueira (UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Laila Rosa (UFBA – Universidade Federal da Bahia) |