O projeto “Memória Viva” aproximou nos últimos seis meses adolescentes, jovens, adultos e anciãos/anciãs de oito pontos de cultura indígenas, localizados na Bahia, Alagoas e Pernambuco com o objetivo de fortalecer as relações que valorizam os saberes, as trocas de conhecimentos além de preservar e projetar os saberes tradicionais indígenas. O resultado são 65 vídeos gravados pelos jovens que exibem as tradições disseminadas pelos mais velhos, como artesanato, cerâmica, ervas medicinais, parto humanizado, bebidas sagradas entre outros. O projeto foi realizado com o apoio da ONG Thydêwá, do Ministério da Cultura e tem apoio especial do Ministério dos Direitos Humanos.
Para finalizar o projeto e refletir sobre o tema memória indígena e tecnologia, será realizada uma roda de conversa sobre o tema “Anciãos e anciãs indígenas e o uso da tecnologia para a propagação da Memória Viva”, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, no auditório do Pavilhão de aulas Raul Seixas, em 03/08, sexta-feira, às 9h.Na roda de conversa estarão presentes a socióloga e pesquisadora do NEIM, Dra. Alda Motta, que atua em estudos de gênero e geração, feminismo e envelhecimento, o presidente da ONG Thydêwá, Sebastian Gerlic, além de anciãos e jovens indígenas que participaram do projeto.
Mais de 100 indígenas se reuniram e registraram algumas de suas práticas em vídeos que vão de 3 a 15 minutos, o material está disponível gratuitamente em www.indiosonline.net/memoriaviva e está também lançado no DVD “Memória Viva Indígena” que será distribuído por diversas comunidades indígenas.
Para Mayá Pataxó Hãhãhãe, de 69 anos, os indígenas idosos escrevem sua história de outras maneiras além da escrita, “tem muitos idosos que a sociedade tacha de analfabetos, mas quando a pessoa conversa com eles percebe que são importantes sábios. Muitos de nossos anciões não tiveram oportunidade de aprender a ler e escrever, mas leem com maestria os sinais da vida e assim escrevem a história de nosso povo, uma história de inteligentes resistências”. No mesmo sentido, Sebastián Gerlic, um dos coordenadores do projeto, afirma que “a memória viva está em constante movimento. Ela se nutre do passado, se faz no presente e sempre busca transformar o futuro. Quando os livros didáticos falavam apenas em ‘descobrimento do Brasil’, isso era uma tentativa de matar a memória dos povos indígenas, e assim matá-los. Mas os indígenas resistiram porque mantiveram sua memória viva”.